Formação, produção, gravação e edição: etapas que se costuram e se aperfeiçoam

Com o fim da gravação das histórias, o Curta Vitória a Minas II iniciou a montagem das ficções e documentários com roteiro, produção e direção dos autores selecionados em municípios que se desenvolveram no entorno da Estrada de Ferro Vitória a Minas. Para a coordenadora do Instituto Marlin Azul, Beatriz Lindenberg, a cada nova etapa, o projeto se aprimora na interação entre autores, equipe e comunidade.

Os primeiros momentos de aprendizado e entrosamento aconteceram durante a oficina de formação audiovisual básica realizada em setembro de 2022. “Quando um grupo convive durante quinze dias, cria-se um elo muito próximo entre os participantes e também na relação deles com a equipe de professores. Então, esses meses de pré-produção após o curso foram para amadurecer o roteiro, assentar o conhecimento absorvido, montar a equipe local, pensar quem assumiria as atuações, a pesquisa, quais seriam as melhores locações, todas as questões importantes de preparação para as filmagens”, destaca Beatriz.

As gravações começaram em janeiro e terminaram em abril. A equipe de profissionais de produção, captação de imagens e de som percorreu cada cidade e se juntou ao diretor/diretora e à equipe de produção local para realização dos curtas-metragens. Segundo a coordenadora, mesmo com o planejamento, orientação, organização e a troca constante de informações ao longo do curso e da pré-produção, o set produz um grande impacto para quem vive a experiência pela primeira vez. “O set é a hora em que o aprendizado toma corpo. É uma etapa que exige dos realizadores um mergulho profundo, um tempo e uma dedicação integrais ao trabalho”, salienta. 

Apesar do cansaço e das horas intensivas de filmagem, lembra Beatriz, o set é um valioso espaço de prática para as equipes locais em diferentes áreas do cinema. De acordo com a coordenadora, o acompanhamento em cada etapa ajuda o projeto a aprimorar as ações tornando as experiências ainda mais ricas e transformadoras para os participantes e para a equipe envolvida. “A cada edição do projeto reunimos novas camadas de informação, novas percepções que vão se somando pra que o processo de formação e experimentação seja mais amplo e completo, contagiando todos que estão dispostos a viver a experiência de fazer um filme”, destaca Beatriz.

O Curta Vitória a Mina II está transformando em filme as seguintes histórias:  “Reciclando Vidas e Sonhos”, da coletora de materiais recicláveis, Ana Paula Imberti, de Ibiraçu (ES); “T-Rex e a Pedra Lascada”, do biólogo Luã Ériclis, de João Neiva (ES); “O Último Trem”, do vendedor Fabrício Bertoni, de Colatina (ES); “Colatina, A Princesa do Rock”, do jornalista Nilo Tardin, de Colatina (ES); “Um Ponto Rotineiro”, da estudante Jaslinne Pyetra, de Baixo Guandu (ES); “Lia, Entre o Rio e a Ferrovia”, da professora e comunicadora Elisângela Bello, de Aimorés (ES); “Santa Cruz”, da artesã Rita Bordone, de Ipatinga (MG); “Um Olhar sobre a Maternidade”, da contadora Patrícia Alves, de Coronel Fabriciano (MG); “Holerite”, do aposentado Ademir de Sena, de Naque (MG); e “Bicicleta Envenenada”, da auxiliar de serviços gerais Luciene Crepalde, de Nova Era (MG).

O encantamento e a dedicação às filmagens foram alguns dos aspectos em comum das produções nas cidades mineiras e capixabas. “Os autores se cercaram de familiares, de vizinhos, de amigos para realização da obra. Embora seja um período denso, há uma disponibilidade, uma vontade de fazer o melhor possível, uma disposição incansável de colaborar, tanto por parte da equipe local quanto dos profissionais do projeto. É muito bacana ver esta construção conjunta, comunitária e participativa, que torna o aprendizado ainda mais consistente e contribui para um resultado cada vez melhor”, avalia Beatriz.  

Agora, os diretores e diretoras se voltam para a montagem. Uma etapa se conecta a outra dando prosseguimento à formação básica em torno da linguagem audiovisual. “Nesse momento, os diretores e diretoras têm a oportunidade de entender o poder da montagem. Com a orientação de uma montadora, eles praticam algumas das possibilidades de uma ilha de edição, como é possível manipular as imagens e sons a favor da construção de uma narrativa. É o momento em que se desenvolve um olhar mais crítico das imagens que são construídas e como uma narrativa carrega um ponto de vista, um ritmo. É a hora de fazer a costura do material captado”, destaca Beatriz Lindenberg. 

Texto: Simony Leite Siqueira

Fotos: Gustavo Louzada

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