Família Constantino se apronta para conhecer a praia

Era final dos anos 60. O empreiteiro de carvão José Constantino Gonçalves reuniu a esposa, a dona de casa Maria Nogueira Gonçalves, e os oito filhos em torno da tradicional mesa de refeição da casa onde moravam, em Coronel Fabriciano, no interior mineiro, para fazer um anúncio importante. O patriarca ganhara um novo contrato de trabalho, no Espírito Santo, então, levaria a família para conhecer pela primeira vez a praia. Como ninguém sabia como era um passeio até o mar, a notícia despertou a curiosidade, o espanto e a empolgação. Dali por diante, o alvoroço tomou conta da turma que passou a respirar os preparativos para a grande viagem. Este é o ponto de partida para a aventura “O Trem, a Farofa, a Kombi e a Família Constantino”, contada pela arquiteta Ana Paula Pires, selecionada pelo Curta Vitória a Minas III. As gravações da história aconteceram no período de 23 a 28 de julho, em Coronel Fabriciano, no Vale do Aço.

A arquiteta criou um conto inspirado em fatos reais para resgatar a saga vivida por sua família para desbravar o mar. Para encarar uma viagem com oito filhos para um lugar desconhecido e cercado por mistérios, Zé Constantino e Maria Nogueira organizaram de modo minucioso cada detalhe do passeio. A turma era composta por Maria das Graças (18 anos); José Daniel, o Zezé (17 anos); Vera (14 anos); Fátima (13 anos); Mário (12 anos); Maurício (11 anos); José Constantino, o Tantino (9 anos) e a Luciene, a Tuca (8 anos). Havia ainda a Renata, no ventre da mãe. O plano era o seguinte: Dona Maria e os filhos fariam a viagem de trem no mesmo dia em que Seu Zé Constantino sairia de Kombi com a maior parte da bagagem, os utensílios e os mantimentos necessários para a longa estadia na praia.

A primeira providência era organizar o guarda-roupa da garotada com novas peças, incluindo os biquinis e as sungas de praia, costuradas pela mãe. Comprava-se uma boa medida do mesmo tecido estampado e, depois, criava-se um modelo diferente para cada filha e filho. Cozinheira habilidosa e cuidadosa em manter sempre a mesa farta e diversificada de alimentos, Dona Maria fez uma preparação especial para os três meses de férias. “A culinária vem de família. A minha família sempre se reuniu numa mesa. Todas as conversas são numa mesa. Esse hábito de comida a toda hora sempre teve na casa da minha avó. Qualquer um que chegasse, a qualquer hora, ia jantar, e ela ia falar “come mais um pouquinho”, conta Ana Paula.

Dona Maria preparou linguiça, as almôndegas (misto de boi com porco) na lata para conservar melhor, frango frito com farofa, feita da mistura de farinha de mandioca com farinha de biju e temperos, além de uma variedade de doces, como doce de mamão, pé de moleque e doce de batata doce. “Escrever um conto sobre a saga desta família foi especialmente emocionante pra mim. Primeiro, é uma década que eu ainda não tinha nascido. Eu nasci em 1975. Eu sempre ouvia estas histórias e achava isso muito próprio da minha família enquanto uma família mineira de origem simples, rural, que conduzia as relações em volta de uma mesa, com muito amor, muita comunhão, então, eu sempre admirei a forma como a minha família se encontra”, relata a diretora.

Após ser selecionada pelo Curta Vitória a Minas III para transformar a história em filme, Ana Paula reuniu a avó, os tios e tias para recolher mais detalhes, mais causos, mais situações, mais elementos para que o filme compusesse um repertório de fatos reais ou inspirados nas lembranças de cada personagem verdadeiro. Depois, no decorrer da pré-produção, ela organizou um encontro entre os familiares e as atrizes e atores selecionados para interpretá-los na ficção.

“Eu tive o apoio maravilhoso do Rômulo Amaral que me ajudou a conduzir a pré-produção, nesta indicação de atrizes e atores, um presente pra mim, pois formou-se um elenco com muita vontade de fazer e, mesmo num set de filmagem, às vezes, cansativo, eles tinham alegria. Repete, repete, repete, e eles repetiam a cena com a mesma emoção, a mesma alegria e o mesmo empenho, então, eu fiquei muito orgulhosa de ter este elenco dedicado e com muita vontade de se apropriar daquele personagem”, relata. Na avaliação de Ana Paula, o encontro do elenco com a família foi interessante porque seus tios brincaram e contaram como eram e se relacionavam, assim, as atrizes e atores conheceram estas pessoas na vida real e puderam doar um pouco de si para a construção dos personagens.

Seu Zé Constantino e Dona Maria

De origem humilde, Seu Zé Constantino conquistou passo a passo a independência financeira. Um de seus primeiros trabalhos foi cozinhar para os tropeiros. Depois cozinhou em acampamento de carvoeiros. Atuou como ajudante de metreiro, mais tarde, metreiro, profissional responsável por medir a madeira retirada da mata para saber o volume para venda. De carvoeiro passou a empreiteiro de carvão e fazendeiro de gado. Era uma pessoa simples, calma e de boa conversa. Não era contador de histórias, porém, encantava por ser um bom ouvinte e ter um coração generoso. Também se destacava como negociante.

“Vovô comprava carros para poder fazer as coisas. Às vezes era uma rural, às vezes, uma kombi, carro velho para fazer aquela função. A kombi não era um carro usual para o trabalho. Era pra levar coisas da família que não podiam molhar: colchão, roupas dos filhos, boias de caminhão, carnes de lata, os mantimentos. Vovô saía de casa com uma coisa e voltava com outra. Era negociante. Sempre foi muito comum esta facilidade de troca, muito trato “no fio do bigode”. Quer dizer: na base da confiança”, explica a diretora. Zé Constantino também foi vereador e prefeito da cidade de Raul Soares, no interior mineiro.

Ao lado da bondade e afetuosidade do patriarca estavam a força, a disciplina, a organização e o cuidado da matriarca para gerenciar a casa e conduzir a educação dos filhos. Dona Maria tem hoje 89 anos. Sempre foi uma mulher ousada e, embora não tenha completado os estudos, se interessava pelos livros e por buscar novos conhecimentos através da leitura. Numa época em que as mulheres não conduziam carros, ela dirigia. “Vovó também é uma excelente cozinheira. Um dos pratos mais apreciados é o cabrito apimentado cozido dias no vinho branco. A quantidade que caía na mesa era a quantidade que iria acabar. Ela sempre foi muito cuidadosa para que todos experimentassem. “Fulano não chegou e gosta de cabrito. Separa para fulano”, conta Ana Paula.

No princípio, antes das ondas do mar, a família costumava se juntar para uma farofa animada nas lagoas da região do Parque Estadual do Rio Doce. A turma se preparava agora para conhecer as águas salgadas da Barra do Riacho, no litoral de Aracruz, numa época de ondas bravias e perigosas. “Na época eu era um dos mais novos. Tudo era novidade. Quando o pai falou pela primeira vez que iríamos para a praia, nós procuramos saber o que era praia. Mas a família era muito grande. Já éramos oito. Poucas pessoas da região de Coronel Fabriciano iam à praia. Nós ficamos em êxtase. Como nós jogávamos bola no clube, nos campos, a primeira providência foi comprar uma bola de dente de leite. Isso era imprescindível pra nós, os três irmãos, eu, Mário e Maurício, que gostávamos muito de futebol. Aí aproveitamos bastante a viagem”, relembra o advogado José Constantino Filho, o Tantino, de 63 anos.

O futebol na areia não faltou. Mas, o maior sucesso das férias era a boia gigante, uma câmara de pneu de caminhão, onde se agarravam todos os jovens constantinos. Era uma vitória pegar uma onda grande e se manter dentro da boia sem levar capote. A servidora pública federal Luciene Nogueira Gonçalves, 61 anos, mais conhecida como Tuca, tinha apenas 7 anos na época da viagem. “Minha mãe preparando o frango com farofa e colocando na lata ainda está vivo na memória. No trem eu amava comer pão com mortadela e guaraná Coroa que passavam vendendo num balaio dentro do trem. Lembro da gente comprando manguita pela janela do trem na parada em Aimorés. A viagem era longa, mas era uma festa! Meu pai ia na frente de carro e buscava a gente na estação em Vitória, sempre com mais alguém em outro carro porque a família não cabia toda num carro só”, conta Tuca.

O encontro do real com a ficção

Baseada em fatos reais, a história também ganhou nuances inventivas para costurar melhor os momentos de comédia, tensão e de maior sensibilidade dentro do curta-metragem. Os principais traços físicos e comportamentais dos personagens reais se misturaram aos novos tons pintados pela criação e a interpretação das atrizes e dos atores. 

A atriz Camila Rodrigues Vaz Chaves, 33 anos, trabalha com teatro há 22 anos. Bacharel em Teatro e mestre em Artes da Cena, ambos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ela se deparou com novos desafios de atuação e aprendizado ao interpretar a Dona Maria no cinema. A construção da personagem se deu aos poucos através das conversas com a diretora, do estudo do texto, da coleta de informações dos familiares e, principalmente, no decorrer das gravações das cenas, quando Camila ouviu os relatos de vida contados pela verdadeira Dona Maria.

Na história, a matriarca está grávida à espera da caçula Renata. Camila tem uma filha de nove meses de idade e há seis meses fazia exercícios hipopressivos para recuperar a musculatura na região abdominal. “Eu parei a atividade física e fiz o movimento inverso para ativar este lugar de relaxamento da barriga, de forçar esta barriga de grávida, e a gente não precisou colocar nada para simular uma gravidez. Acho que super deu certo. Conseguimos manter uma personagem grávida nas primeiras cenas sem o uso de nenhum recurso externo”, conta Camila. Apenas na cena final, no trem, a produção produziu uma barriga falsa, um preenchimento, pra dar a ideia de uma gravidez mais avançada com a passagem do tempo.

As singularidades do cinema posicionaram a atriz em um lugar diferente do palco teatral. “Foi um aprendizado muito grande a atuação. De repente, não estou criando mais pensando num teatro, numa plateia, mas sim no que está sendo captado pela câmera. O maior desafio foi a gravação da primeira cena. Como eu sou do teatro, sempre tem aquela questão de muito ensaio pra mostrar, muita criação, desenvolvimento e transformação de todo o personagem pra depois mostrar. E ali, de repente, na primeira execução no set, a gente já está gravando pra valer”, conta a atriz.

Durante as filmagens, alguns familiares retratados marcaram presença, relembraram algumas intrigas, as brincadeiras e até os apelidos dos irmãos da época. As atrizes e atores se sentiram contagiados pela família Constantino e passaram a se chamar pelos nomes dos personagens, gerando uma atmosfera de cumplicidade, união e conexão. A sintonia foi essencial para que o elenco pudesse utilizar o recurso criativo do improviso na interpretação das cenas. “Por muitas vezes, o Mazza (diretor de fotografia) ia gravar uma cena, por exemplo, e chegava no momento de intriga, enquanto não cortava, os meninos iam improvisando a intriga, as coisas iam acontecendo por um bom tempo pra ter material e, não pensando só na câmera, mas pensando também no momento presente que a gente estava criando, que estava fluido e interessante. Foi muito prazeroso. A gente conseguiu uma parceria muito forte e muito rápido”, relata Camila.

O estudante do 7º ano do ensino fundamental Lucas Carvalho Soares, 13 anos, vibrou com o convite anunciado pelo professor de teatro para interpretar um dos filhos da família, o Mário. Atuar no cinema era a realização de um sonho para o menino. O jovem ator teve a chance de conhecer o verdadeiro Mário que falou sobre a infância e como implicava com os irmãos dando-lhes apelidos. “Eu tive o privilégio de interpretar um dos filhos do Zé Constantino, o Mário, um garoto de 12 anos, travesso, bagunceiro, que implica com os irmãos, principalmente, com o Tantino, que é o preferidinho da empregada, Dona Carmelita. Mario é um garoto jogador de bola, joga bem demais. Eu adorei fazer o papel porque eu me senti eu mesmo. Sou bagunceiro, sou extrovertido, amo zoar, sou elétrico, igual ao personagem, então, foi incrível”, destaca Lucas, que estuda teatro há três anos. 

O verdadeiro Tantino interpretou um cobrador de passagem na cena do trem e deu detalhes sobre as peraltices do irmão. “Como eu era o mais novo, o caçula dos homens (tinha a Tuca, a minha irmã mais nova, e a Renata estava na barriga) sempre fui castigado. Por mãe me proteger muito e os meninos serem muito levados, Mário e Maurício, eu ficava perto dela, procurando a proteção. Quando ela chiava ou brigava, a gente ficava parado, mas o Mário, que era mais levado, toda estação descia, e o medo de mãe era de perdê-lo lá. Ela saía xingando e pedia aos mais velhos para buscá-lo. E ele do lado de fora do trem, brincando”, lembra José Constantino.

As irmãs Vera e Fátima não se desgrudavam. Vera tinha 14 anos, vaidosa e apaixonada por músicos. Fátima era a filha esportiva, gostava de organizar as danças e tinha 13 anos. A atriz Júlia Carolina Corrêa do Nascimento, 15 anos, intérprete de Vera, não conheceu a sua personagem na vida real, porém, ao conversar com os demais irmãos reais conseguiu ter uma boa visão de como era a personalidade de cada familiar e como se relacionavam uns com outros.

“Foi muito interessante dar vida a personagem, principalmente, porque ela existe na vida real. Então, quando você interpreta um papel de uma pessoa que realmente existe, dá um gostinho de ter uma missão a cumprir. Eu tenho que dar vida a algo que já existe, eu tenho que ser fiel àquilo. É uma coisa muito desafiadora e, ao mesmo tempo, muito boa”, descreve Júlia. Para quem está acostumada com o teatro, tem interesse na área profissional de cinema e nunca esteve numa produção audiovisual, compor o elenco de um dos filmes do Curta Vitória a Minas III revelou como funciona o trabalho por trás das câmeras e ainda ampliou a vivência para crescer na carreira da atuação.

O tempo de gravação de uma cena curta de apenas alguns segundos pode durar horas. Essa realidade do espaço de filmagem surpreendeu e desafiou Helena Loures Marques, 11 anos, estudante do 6º ano do ensino fundamental, escolhida pra interpretar a Fátima.  Para Helena, apesar do cansaço das diárias, a gravação foi um momento marcante e de muita experiência ao lado de profissionais do setor. “Eu me preparei usando os meus conhecimentos do teatro e o resto foi praticamente tudo improvisação porque começava a cena, a gente tinha que improvisar, até porque, praticamente, não precisou decorar fala nenhuma, pois foi tudo improvisação, e eu achei isso bem legal”, conta a atriz.

O segundo filho mais velho da família Constantino, o José Daniel, mais conhecido como Zezé, ganhará vida nas telonas pelas mãos do ator Dalbert Vinícius dos Santos. Aos 29 anos de idade, ele interpreta o jovem constantino de 17 anos. No mundo do teatro desde o ano de 2012, ele ainda não conhecia a dinâmica de uma filmagem e imaginava tudo gravado de uma única vez. De acordo com o ator, manter o ritmo dentro da cena de modo a evitar sucessivos cortes e lembrar de não olhar para a câmera eram os dois principais desafios no contato com a linguagem cinematográfica. “Eu percebi a diferença quando fomos filmar as primeiras cenas da kombi e cada pedaço de uma cena era filmado de diversos ângulos e tínhamos que dar a mesma entonação e fazer a mesma movimentação. A gente tinha que entrar numa energia. Se cortasse, tinha que continuar com aquela energia pra frente, então, assim, era gostoso poder explorar isso”, destaca Dalbert.

O trem, a farofa, a praia, a família mineira

Todo mineiro apaixonado por praia tem uma boa história para contar. E se a viagem até o mar for de kombi e de trem, os causos se multiplicam. Uma das personagens mais marcantes desta história da família Constantino é a tradicional farofa. Era bem assim: quando chegava a hora de comer, as meninas e os meninos tinham um paninho no colo para não sujar o trem. Cada um ganhava um pedaço de frango. Era a carne numa mão e a farofa na outra em forma de conchinha. A farofa gerou uma brincadeira dentro dos bastidores das gravações. Quem conta é a Vera, ou melhor, a Júlia.

“Um momento muito engraçado foi na cena da farofa dentro do vagão do trem indo para praia. A mãe entrega a farofa com um pedaço de carne, o pé ou a coxa da galinha. E desde o primeiro encontro do elenco, a gente sempre falava: “eu vou ficar com a coxa”, “ele vai ficar com o pé”, porque ninguém quer ficar com o pé. E ficava nesta briga. Na gravação exata desta cena foi muito engraçado porque tínhamos falado tanto disto e, finalmente, chegou este momento. A gente nem estava exatamente atuando, teve uma diversão verdadeira, e isso foi muito gostoso”, conta a atriz. Afinal, quem será que ficou com a coxa e pra quem sobrou o pé?

Quem também protagonizará momentos divertidos ao lado da família será a Dona Carmelita. A governanta brava e disciplinadora é uma das convidadas para acompanhar os constantinos nesta jornada até o mar. Para fazer o papel, a diretora convidou uma outra mineira selecionada desta terceira edição, a atriz e produtora cultural Luzia Di Resende, diretora do filme “O Pássaro”, moradora de Ipatinga. Por ser uma cozinheira experiente e dedicada, Carmelita ajudará Dona Maria a preparar os principais pratos, ao mesmo tempo, a garotada tentará fazê-la desistir da viagem. Para construir o arco narrativo da personagem, a atriz criou expressões e gestos corporais capazes de marcar as mudanças emocionais de uma mulher rígida e furiosa para alguém com medo do que poderia ser um passeio na praia.

Ana Paula e Luzia dividiam o mesmo quarto durante a imersão audiovisual promovida pelo Curta Vitória a Minas III envolvendo os dez autores e autoras de histórias. Ao longo de 15 dias, orientados por profissionais do cinema e da TV, os selecionados (as) aprenderam noções técnicas básicas sobre transformar uma história em filme, trocaram ideias, fizeram exercícios de cinema de grupo e compartilharam suas expectativas e anseios em torno da tarefa.  “Foi muito bacana construir a personagem. Eu e a Ana começamos juntas a construção dos roteiros. Então, na verdade, a gente dividiu todas as nossas dúvidas, todas as cenas que estávamos pensando, qual deveria ser a ordem do roteiro. Trocamos muitas figurinhas. Foi legal gravar algo que eu conhecia muito da história. Gravar como atriz depois de ter tido a experiência de ser diretora, de ter dirigido um curta, que também me dá um outro olhar, então, foi uma experiência enriquecedora”, celebra Luzia.  

O aprendizado em torno das técnicas de roteiro, fotografia, som, direção, produção e direção de arte apreendidas no curso se completou nas gravações através das conexões e das trocas com o elenco, a equipe local e com a equipe de profissionais do Instituto Marlin Azul. “Era prazeroso ver o Mazza (diretor de fotografia) trabalhando, o prazer que ele tem de captar essas imagens. Você via na expressão dele esta plenitude e isto é muito gostoso porque, neste cansaço que é o set, nesta repetição, a gente vai encontrando estes prazeres. Então, nos bastidores, a gente vai percebendo estas sutilezas, estas sensibilidades. Ver a captação de som com o Marquinho (técnico de som) é incrível porque ele percebeu exatamente onde o som iria traduzir mais do que palavras. Isto é muito importante porque a gente constrói uma ação com os nossos sentidos assim como na vida real”, descreve Ana Paula.

O filme é uma homenagem especial ao avô Zé Constantino, falecido há 17 anos. O patriarca é interpretado na ficção por Renan Barbosa Scarpati, 39 anos, por causa da semelhança física com o protagonista. Ator, cantor, compositor e cozinheiro, Renan não conheceu o personagem na vida real e compôs seu papel, principalmente, inspirado pelas recordações da convivência com o avô guardadas pela diretora, a primeira neta, filha da Maria das Graças, a primeira filha de Zé Constantino e da Dona Maria. Os dois se casaram em 06 de outubro de 1951. “A história é muito legal. A ideia de comprar a kombi e ir para o ES sozinho e depois a família ir toda de trem com mala e cuia é espetacular!”, destaca Renan, que se lembra dos tempos das viagens de trem para visitar os parentes paternos, moradores de Ibiraçu, no Espírito Santo.

“O Trem, a Farofa, a Kombi e a Família Constantino” é uma história da família Constantino, mas a diretora espera que muitas famílias mineiras se identifiquem com este relato leve e divertido. “Foi muito emocionante ver aquele primeiro texto enviado para o concurso se moldando dentro desta história inspirada em fatos reais. O filme também vai trazer alguns elementos inventados para que ganhe mais emoção, misturando um pouco de sensibilidade e comédia. Eu quis ressaltar esta mineiridade que a gente tão naturalmente conduz as situações, as falas, sem que fosse o estereótipo do mineiro. O filme tem esse cuidado de mostrar esta mineiridade, o carinho que o mineiro tem com o outro, o gesto de compartilhar, isso é muito próprio, não só da minha família, como de muitos mineiros”, destaca Ana Paula Pires.

Texto: Simony Leite Siqueira

Fotos: Equipe IMA

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