Documentário reunirá relatos de vida de coletoras de materiais recicláveis

Há oito anos um grupo de mulheres se juntou para criar a primeira entidade de coleta, separação e reciclagem do lixo seco de Ibiraçu, município capixaba com 12.701 habitantes, localizado a 65 quilômetros da capital. Ana Paula D. C Imberti não imaginava o quanto aquele convite para ajudar a montar uma associação transformaria sua vida.

Nascida em João Neiva, Ana Paula mora em Ibiraçu desde seu nascimento há 33 anos. A mãe cuidava da casa e o pai trabalhava como lavrador para outras pessoas na roça, plantando café, aipim e banana, e ainda montava vassouras de cipó pra ajudar na renda familiar. Ela e os irmãos ajudavam na lavoura quando não estavam em sala de aula. Embora os pais não tivessem estudado, sabiam a importância de manter os filhos na escola e ensinar o valor do trabalho. A menina estudou e ensinou o pai e a mãe a assinarem o próprio nome.

Ana Paula cresceu, terminou o ensino médio, se casou e teve uma filha. Trabalhou junto com o esposo e um dos irmãos em colheitas de café e prestou serviços de auxiliar de limpeza em estabelecimentos comerciais na região. No ano de 2014 surgiu a proposta da administração municipal de formalizar a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Ibiraçu (Ascomçu). Como sempre gostou de trabalhar com grupos de pessoas, ela assumiu a missão de conhecer e vivenciar o associativismo.

Vieram cursos, capacitações, treinamentos, intercâmbios e visitas para conhecer experiências semelhantes em outras partes do país. A entidade buscou parcerias com instituições e empresas para aperfeiçoar os conhecimentos sobre gestão ambiental e para tornar o empreendimento um negócio ainda mais criativo, inteligente e socialmente responsável, principalmente, com o compromisso de valorizar o esforço e o trabalho dos associados, na maioria, mulheres com idade entre 33 e 56 anos.

A experiência abriu novos horizontes profissionais para a catadora que desenvolveu habilidades relacionadas à liderança, criatividade, inovação e gestão de pessoas. Até o final do ano, a diretora quer concluir o curso técnico de administração no Centro Estadual de Educação Técnica Talmo Luiz Silva, em João Neiva. Uma das metas para o futuro é fazer um curso superior de Administração com ênfase em gestão ambiental.

Ana Paula e outras mulheres associadas darão depoimento para o documentário “Reciclando Vidas e Sonhos”. A história selecionada pelo Curta Vitória a Minas II para ser transformada em curta-metragem tem roteiro, produção e direção da coletora de materiais recicláveis, hoje, presidente da associação.

Durante o primeiro dia de filmagem, nesta terça-feira (24/01/23), a equipe registrou o dia a dia da entidade: o descarregamento do caminhão com os materiais coletados pelas ruas, o processo de triagem, desde a separação na esteira até a prensagem dos fardos, além do monitoramento com o elevador dentro do galpão.

Na parte da tarde o plano de filmagem se concentrou nos detalhes da rotina e dos processos de produção e, mais tarde, no registro dos depoimentos das associadas em uma roda de conversa sobre o impacto do trabalho associativista em suas vidas. As gravações prosseguem nesta quarta-feira (25/01) e quinta-feira (26/01).

Texto: Simony Leite Siqueira

Fotos: Gustavo Louzada

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