“Dezinha e sua Saga” começa a ser gravada em Nova Era (MG)

Em meados dos anos 80, a cantineira Joana Moreira e o lavrador José Mendes saíam de casa, no sábado pela manhã, em direção à cidade para fazer as compras da semana. Da roça até o centro demorava cerca de uma hora de estrada de chão. Para os sete filhos do casal aquela responsabilidade doméstica era um acontecimento porque uma das crianças sempre podia ir junto com os pais.

Como só havia lugar para um, a garotada precisava treinar a paciência até chegar a vez de cada um. Luciene, mais conhecida como Dezinha, era a terceira filha. Antes dela vinha o Evaldo, seguido da Lucilene. Depois da Dezinha a fila corria com o José Geraldo, a Josiane, o Juscelino e o Darli. Não existiam ainda o Rodrigo e a Lívia, pois estes nasceram anos mais tarde na cidade, formando uma família de nove irmãos.

Apesar da perseverança da espera, algumas vezes, quando chegava a chance de uma aventura na cidade, Dezinha era obrigada a ceder a vez porque reclamavam que dava muito trabalho pentear o seu cabelo. Trinta e cinco anos depois, Luciene transformará em curta-metragem um dos dias mais divertidos da infância quando finalmente chegou a oportunidade de passear com os pais.

As filmagens desta ficção baseada em fatos reais começaram nesta sexta-feira (20/01) e seguirão até domingo (22/01), na cidade de Nova Era, em Minas Gerais. “Dezinha e sua Saga”, da auxiliar de serviços gerais Luciene Crepalde, é a primeira das dez histórias selecionadas pelo Curta Vitória a Minas II para serem transformadas em curta-metragem.  

Após as oficinas audiovisuais, realizadas em setembro, assim como os demais autores, Dezinha voltou para a cidade de origem para mobilizar a comunidade a fim de realizar o filme. Não faltaram desafios como encontrar uma casa na roça que pudesse representar o cenário da época.

“Eu lembro que a casa era muito bonitinha, arrumadinha, mas não tinha luz elétrica nem geladeira. Lá, a gente tinha fogão de lenha, lamparina com querosene e um tanque com água fresca que caía dia e noite. Não tinha esse trem de torneira. As outras casas eram muito distantes cerca de dez a doze quilômetros. Pra comprar, só indo na cidade, que ficava uns doze quilômetros da nossa casa. Minha mãe cultivava uma horta muito bonita com cenoura, beterraba, alface, tomate, jiló, alface, couve, e havia ainda um pomar com laranja, mexerica e manga”, lembra a autora.

Nestes meses que antecederam a gravação, Dezinha definiu a locação, selecionou as atrizes e atores, ensaiou o elenco, organizou os objetos de cena e os figurinos, sempre com o apoio e o envolvimento dos familiares e amigos, que não mediram esforços para que o roteiro e o plano de filmagem pudessem agora ser cumpridos.

“Eu aprendi que sozinha não dá pra fazer filme nenhum. Os meus colegas de serviço me ajudaram demais. A expectativa é que vai ser tudo do jeito que está na história. A expectativa é boa. Estou muito animada. Eu acho que vai dar tudo certo”, declara a diretora que conta com o acompanhamento técnico da equipe do projeto coordenado pelo Instituto Marlin Azul.

O Curta Vitória a Minas II é patrocinado pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, e conta com a realização do Instituto Marlin Azul, Secretaria Especial de Cultura/Ministério do Turismo/Governo Federal.

Texto: Simony Leite Siqueira

Fotos: Gustavo Louzada

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