16 de setembro de 2024

Ambientadas em Colatina e Ibiraçu, narrativas foram  selecionadas na 3ª edição do Curta Vitória a Minas III 

Por Mariah Friedrich

As dez histórias selecionadas pelo Curta Vitória a Minas para serem transformadas em filme entraram na etapa de montagem e finalização. Entre elas, duas narrativas de ficção baseadas em fatos reais representam os capixabas na terceira edição do projeto, que convocou moradores de municípios próximos à Estrada de Ferro que dá nome à iniciativa para transformar suas narrativas em curtas-metragens

Em “A Casa Sinistra”, a agente de saúde Marisa de Almeida Silva, moradora de Colatina (ES), no Noroeste do estado, resgatou memórias de uma experiência sobrenatural vivida por ela ao lado da família na chegada ao município capixaba nos anos 1980, quando se mudaram para uma casa localizada na direção da Estação Ferroviária e eventos estranhos aconteceram no local.

“Não demorou muito, começamos a ouvir barulho. Era uma vasilha que parecia ter caído, ia lá e não tinha nada. Uma porta que batia, chegava lá, ela estava fechada. Meu irmão que costumava se ajoelhar para orar, não conseguia fazer a oração porque os pensamentos sumiam da mente, algo parecia chegar perto e abraçar. Vultos que desapareciam nos ambientes, além de uma sensação de algo te observando bem de perto”, descreve a diretora.

Segundo Marisa, as manifestações sobrenaturais prosseguiram por quase duas semanas até a família desistir de morar no lugar. Trinta e oito anos depois, ela decidiu transformar esta história em curta-metragem através do Concurso de Histórias que Viram Filmes.

O segundo curta ambientada em terras capixabas, “As Cercas”, também se inspirou em relatos de família, resgatadas pelo professor e policial federal Otávio Maioli, morador de Ibiraçu (ES), Norte do Estado. A obra retrata um um conflito de fronteiras envolvendo as famílias de imigrantes que fundaram os primeiros núcleos de colonos italianos na cidade de Ibiraçu.

“Estamos contando a história de uma forma cômica, como o meu avô me contou, pois eles achavam isso mais engraçado do que trágico. Queremos contar como as situações aconteciam antigamente, como fluíam e se emaranhavam na base da conversa”, destaca Otávio.

As gravações dos filmes foram feitas em junho deste ano e nesta semana iniciaram a etapa de edição, com a orientação da cineasta e montadora Luelane Corrêa. O cronograma de montagem das dez obras continuará até final de outubro.

A terceira edição do Curta Vitória a Minas reúne histórias vindas de Ibiraçu e Colatina, no Espírito Santo, e de Conselheiro Pena, Governador Valadares, Belo Oriente, Ipatinga, Coronel Fabriciano, Nova Era e João Monlevade, em Minas Gerais.

Esta é a quarta vez que Ibiraçu tem uma história selecionada pelo projeto e a quarta vez de Colatina, que também foi cenário dos filmes “O Som do Silêncio”, de Juliana Brêda, na primeira edição, e “O Último Trem”, de Fabrício Bertoni, e “Colatina: a Princesa do Rock”, de Nilo Tardin, na segunda edição.