Cinema de grupo desperta novos jeitos de fazer cinema

Escolha uma foto desconhecida qualquer. Descreva o que está vendo, pontue os detalhes. Agora, invente uma história a partir desta mesma imagem. Este primeiro exercício de cinema de grupo chamou a atenção das autoras e autores de histórias do Curta Vitória a Minas III para o poder criador diante de uma imagem e do som.

O dispositivo conhecido como foto ou fotografia narrada foi conduzido pelas cineastas Cintya Ferreira e Mariana de Lima, pesquisadoras do cinema de grupo, metodologia desenvolvida pelo Laboratório de Criação e Experimentação em Imagem e Som (Kumã) da Universidade Federal Fluminense (UFF) do Rio de Janeiro para estimular a participação e o desenvolvimento do olhar e da escuta cinematográfica a partir da criação e reflexão.

“O dispositivo teve muito a ver com as histórias que estão sendo trabalhadas pelos autores e autoras. Muitas delas têm a ver com contação de histórias, com a narração, com histórias familiares, então, a gente pensou em algo que pudesse contribuir com os processos criativos”, explica Cintya.

Durante as oficinas, os participantes estudam noções básicas de roteiro, direção, produção, fotografia, som, direção de arte, montagem, mobilização comunitária e direitos autorais. As vivências de cinema de grupo entram em sintonia com o aprendizado ao motivar novas leituras de um filme ou uma foto e ao propor exercícios em grupo.

“Contar histórias, fazer imagens, pensar o som, tudo isso tem a ver com fazer cinema, que tem a ver com as escolhas. A ideia do cinema de grupo é que qualquer pessoa pode fazer cinema e fazer cinema não tem a ver com o fazer profissionalmente, tem a ver com querer fazer. São exercícios muito simples, mas que estão aí ativando a nossa criatividade, fazendo a gente pensar de outro jeito e descobrir coisas novas sobre a gente”, destaca Cintya.

De acordo com a pesquisadora, as regras do cinema de grupo estão ali apenas como um primeiro passo para despertar a criatividade e a imaginação. O dispositivo de leitura de imagens e de invenção de histórias mobilizou os participantes. Para Marisa de Almeida Silva, moradora de Colatina (ES), autora da história “A Casa Sinistra”, a proposta é inusitada. “Você vê uma imagem, mas não sabe nada dela. Você cria uma história, uma vida para tudo aquilo que está ali naquela imagem. Isso faz com que aflore a imaginação que é o que nós estamos fazendo aqui, dando vida a histórias, a textos, a imagens. Eu achei muito fantástico”, avalia

A moradora de Ipatinga (MG), Luzia de Resende Mendes, autora da história “O Pássaro”, também destacou a riqueza imaginativa do dispositivo. Para a mineira, quando se começa a estudar determinado assunto, determinada linguagem, o olhar muda. “Foi muito interessante porque passamos este período estudando as nossas histórias, escutando as histórias dos outros e criando imagens internas para as histórias, para as proposições criadas por cada pessoa do grupo. Desde o começo do curso, estamos fazendo imagens a partir das histórias propostas e, neste exercício de cinema de grupo, fizemos histórias a partir de imagens”, destacou Luzia.

Texto: Simony Leite Siqueira

Fotos: Gustavo Louzada

Ficha de Inscrição

Assine

* indicates required