Todos os dias o trem de passageiros da Estrada de Ferro Vitória a Minas percorre as cidades do entorno da ferrovia. Os viajantes embarcam com seus sonhos, projetos, compromissos, motivações e esperanças. Na noite deste sábado (13/04), uma turma de mineiros e capixabas chegou à Estação Pedro Nolasco, em Cariacica, na Região Metropolitana de Vitória (ES), com uma missão em comum: estudar cinema para transformar o que contaram em filme.
Selecionados pelo Concurso de Histórias do Curta Vitória a Minas III, após o desembarque, os autores viajaram mais alguns minutos até Perocão, no município de Guarapari, um dos mais conhecidos balneários do estado, para mergulharem em uma imersão audiovisual de 15 dias. Do alto do Morro da Bica, onde vislumbram a imensidão do mar de um lado e uma cadeia de montanhas do outro lado, o grupo foi recebido carinhosamente pela equipe para uma noite de caldinho verde. Tudo para aquecer ainda mais a jornada de estudos e de trocas de experiências. As autoras e os autores vindos de diferentes cidades trouxeram na bagagem entusiasmo e expectativa de aprender. Ao mesmo tempo, muitas questões sobre como é fazer um curta-metragem e como cada história poderá ser contada em imagens e sons?
Ana Paula Gonçalves Pires, autora da história “O Trem, a Farofa, a Kombi e a Família Constantino”, moradora de Coronel Fabriciano (MG), fará um filme sobre as aventuras vividas por sua família no trajeto entre o interior mineiro e as praias capixabas. “Fico muito feliz por poder compartilhar com as pessoas uma história que é minha, que é da minha família, mas é de todos os mineiros. Então, eu espero que aconteça uma identificação de todos os mineiros que passaram pela mesma história. Serão quinze dias de muito conteúdo, muito compartilhamento entre os colegas, entre os profissionais. Estou bem feliz”, relata a arquiteta em sua primeira oportunidade de fazer um filme.
Quem também fará um curta pela primeira vez é a diretora municipal de cultura Sandra Maura Coelho, moradora de Nova Era (MG), autora da história “Revelações de Carnaval”. “Fiquei muito emocionada na hora de saber que minha história foi selecionada e estou aqui pronta pra novas ideias, pra novos conhecimentos. Nunca fiz um filme. Eu sei que tem muita gente boa envolvida, muitos profissionais top de linha e estou ansiosa pra poder absorver todo este aprendizado nos próximos dias. Estou muito feliz e muito grata”, conta a mineira.
A terceira edição traz mais uma vez uma história de Ibiraçu (ES). O policial federal e professor Otávio Luiz Gusso Maioli transformará em filme “Trilhando entre as Cercas”, uma história real contada pelo seu avô sobre uma disputa de terra entre duas famílias italianas ocorrida nas primeiras décadas do século XX. “Fiquei bastante feliz com a seleção por representar o meu município, por trazer uma história de algo que aconteceu dentro da cidade e por participar junto com outros de Ibiraçu que também já fizeram os curtas. Estou bem entusiasmado para fazer algo diferente. Eu nunca estudei cinema. Gosto muito, assisto muito filmes, leio muito sobre, mas fazer um curso específico, imersivo neste assunto, será a primeira vez”, conta o capixaba. Ao todo, dez histórias reais e inventadas foram selecionadas. A imersão começou neste sábado (13/04) e prosseguirá até dia 28/04.
Texto: Simony Leite Siqueira
Fotos: Mariana de Lima
