Atenção, Ibiraçu: chegou a hora de gravar!

O Curta Vitória a Minas II chegou nesta terça-feira (24/01) a Ibiraçu, no Espírito Santo, para as gravações do documentário “Reciclando Vidas e Sonhos”, que tem roteiro, produção e direção da catadora de materiais recicláveis, Ana Paula D. C Imberti, presidente da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis do Município de Ibiraçu (Ascomçu).

A obra destaca como o trabalho de preservação do meio ambiente através do cuidado com a destinação adequada dos resíduos sólidos transformou a cidade e a vida das pessoas envolvidas com a coleta, a separação e a reciclagem do lixo seco. A entidade foi instituída no ano de 2014 para cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305, de 02/08/2010). Ana Paula e outras cinco mulheres se juntaram para formar a instituição com o apoio da administração municipal que, inicialmente, disponibilizou espaço e maquinário.

“No começo da associação, os coletores levavam todo o lixo da cidade para a entidade. Esses resíduos não eram separados pela população. Ao receber todo aquele lixo, tínhamos mais material para se trabalhar, no entanto, não havia qualidade de vida. Então, encaminhamos a questão para o Ministério Público e, após o questionamento, conseguimos reverter este processo e nós passamos a fazer a coleta seletiva em toda a região”, conta a catadora que começou o trabalho na associação como tesoureira e, hoje, está no segundo mandato no cargo de presidente.

Estas primeiras vivências orientaram a associação nos passos seguintes. A instituição organizou o cronograma de coleta de segunda a sexta-feira de modo a atender tanto os bairros mais centrais quanto as regiões mais distantes localizadas na área rural. O poder público municipal disponibilizou um caminhão com carroceria para a coleta.

Em conjunto com o planejamento e a organização estrutural e gerencial da entidade era fundamental a adoção de estratégias para estimular a conscientização e a mudança de comportamento individual e coletivo na cidade. Vieram as campanhas e palestras educativas nas escolas e empresas e a instalação, em pontos específicos do município, do Drive Thru, uma espécie de casinha feita de sucata com cobertura de zinco equipada com big bags dentro das quais o morador pode disponibilizar, separadamente, papel, plástico, metal e vidro.   

Com sede no bairro Taquaruçu, a associação funciona numa área de propriedade da União, disponibilizada para prefeitura por meio de contrato com duração de 20 anos. Com uma área de 850 metros, o galpão é integrado pelo espaço da triagem, refeitório, escritório, sala pra reunião e banheiros com vestiário. A associação é equipada com duas prensas, uma mesa de ferro para triagem (plástico, papel, vidro e metal), além de duas mesas de madeira para separação de outros tipos de materiais. Essa semana, a entidade conquistou a licença para triagem de lixo eletrônico, ampliando seu campo de atuação.

O documentário se fundamentará em depoimentos de vida das associadas. “Não é uma associação dos pobres catadores. É um trabalho que eu amo fazer. As mulheres que participam da associação vêm de bairros carentes. São mães de famílias, algumas com histórias de vida sofridas. Algumas mais velhas, outras mais novas. São mulheres batalhadoras que gostam de estar ali porque têm suas vidas recicladas através da valorização do trabalho que oferecem para a cidade”, conta a autora.

As filmagens começaram nesta terça-feira (24/01) e seguirão até quinta-feira (26/01). O Curta Vitória a Minas II é patrocinado pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, e conta com a realização do Instituto Marlin Azul, Secretaria Especial de Cultura/Ministério do Turismo/Governo Federal.

Texto: Simony Leite Siqueira

Fotos: Gustavo Louzada

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