Atenção, Colatina: hoje tem cinema na Beira Rio

A caravana de cinema do Curta Vitória a Minas II lança nesta sexta-feira (07/07) em Colatina (ES) os curtas-metragens “O Último Trem”, do vendedor Fabrício Machado Bertoni, e “Colatina, a Princesa do Rock”, do jornalista Nilo José Rezende Tardin. As obras integram a coletânea de ficções e documentários feitos por moradores de cidades que se desenvolveram no entorno da Estrada de Ferro Vitória a Minas. A sessão gratuita ao ar livre será realizada nesta sexta-feira (07/07), às 19h30, na Área Verde de Eventos da Avenida Beira Rio. O circuito exibe, em cada sessão, o filme do lugar e obras feitas por outros autores selecionados pelo projeto que é patrocinado pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, com a realização do Instituto Marlin Azul, Ministério da Cultura/Governo Federal.

“Colatina, a Princesa do Rock”

Os primeiros ventos do rock moveram Colatina em meados dos anos 60. O ritmo nascido no norte do planeta trouxe a rebeldia e a irreverência para a juventude da cidade sedenta por romper a monotonia e a caretice da época. Nasce, assim, no coração da princesa do norte, em 1965, a banda The Jet Boys, uma das precursoras do rock no Espírito Santo. Quase seis décadas após o surgimento do conjunto musical, ao remexer o caldeirão de memórias, o jornalista Nilo Tardin transformou em filme a história do pioneirismo do rock no município, não somente nos palcos, mas também no jeito de se expressar, se vestir e se divertir.

O documentário “Colatina, a Princesa do Rock” reúne antigos componentes da banda pioneira do rock no estado, resgata as noites no LiverPub (casa de shows inspirada nos Beatles), celebra a ousadia da Rádio Clube do Rock 87.9 (a única emissora capixaba que toca rock 24 horas), destaca a badalação das festas de arromba, como a Festa do Cafona, e ainda reverencia a relação do jeans e do motociclismo com a cultura do rock no município.

Nilo José Rezende Tardin nasceu em Bom Jesus do Itabapoana, no Rio de Janeiro, em 1955. Com um ano de idade embarcou junto com os pais em uma caminhonete, acompanhando o caminhão de mudanças com destino a Colatina, um dos maiores produtores de café do mundo na década 50, aonde sua família se firmou no ramo do comércio. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Nilo se dedicou à elaboração de matérias sobre acontecimentos marcantes da história do ES, tendo diversas reportagens selecionadas pela Biblioteca Digital do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Aposentado, o jornalista criou e mantém em funcionamento o Diário Digital Capixaba (Portal DDC), site com notícias de todo o estado.

“O Último Trem”

Vinte e quatro de outubro de 1975 marcou a passagem do último trem na rua principal do centro de Colatina (ES) para a retirada dos trilhos da Estrada de Ferro Vitória a Minas. A ferrovia instalada na primeira década do século XX havia impulsionado o desenvolvimento do município, fortalecendo-o como um dos mais importantes centros econômicos do estado, porém, em meados da década de 70, a circulação dos longos trens de cargas e passageiros tornou-se um desconforto para a movimentação de carros, caminhões e pedestres na região central que crescia de modo acelerado.

Com a duplicação da Estrada de Ferro Vitória a Minas, a linha foi deslocada para uma variante em outro ponto da cidade, a três quilômetros do centro. A retirada dos trilhos é a inspiração para a história “O Último Trem” escrita pelo vendedor Fabrício Bertoni. O autor criou uma ficção em torno deste acontecimento histórico marcante para a cidade. No filme, mãe e dois filhos pequenos lutam para sobreviver com a venda de cocada na antiga estação.

As gravações aconteceram no distrito de Itapina, situada a cerca de 25 quilômetros da sede. Fundado por imigrantes europeus no final do século XIX, o distrito construído às margens do Rio Doce representou um importante centro comercial, financeiro e social entre os anos de 1910 e 1960. O local foi escolhido como cenário do filme por ainda manter as características arquitetônicas dos antigos espaços comerciais que se desenvolveram em torno da ferrovia.

Nascido em Colatina, no ano de 1985, Fabrício Machado Bertoni tem ensino médio e trabalha como autônomo na área de beneficiamento e comercialização de pedras ornamentais. Ao adquirir uma câmera de vídeo, há alguns anos, Fabrício já vinha se dedicando a registrar em imagens e sons pequenos acontecimentos locais, como festas populares. Agora, com a seleção no concurso de formação e inclusão audiovisual, o colatinense teve contato com técnicas audiovisuais básicas e vivenciou as principais etapas de uma produção cinematográfica. 

O Circuito de Exibição do Curta Vitória a Minas II reúne os curtas-metragens “Reciclando Vidas e Sonhos”, de Ana Paula da Conceição Imberti, de Ibiraçu (ES); “O T-Rex e a Pedra Lascada”, de Luan Ériclis Damázio da Silva, de João Neiva (ES); “Colatina, A Princesa do Rock, de Nilo José Rezende Tardin, de Colatina (ES); “O Último Trem”, de Fabrício Machado Bertoni, de Colatina (ES); “Um Ponto Rotineiro”, de Jaslinne Pyetra Matias dos Santos, de Baixo Guandu (ES); “Lia, Entre o Rio e a Ferrovia”, de Elisangela Bello Pereira Barcellos, de Aimorés (ES); “Santa Cruz”, de Rita de Cacia Bordone, de Ipatinga (MG); “Holerite”, de Ademir de Sena Moreira, de Naque (MG), “Um Olhar para a Maternidade”, de Patrícia Araújo Azevedo Alves, de Coronel Fabriciano (MG) e “Bicicleta Envenenada”, de Luciene da Conceição Mendes Crepalde, de Nova Era (MG).

Texto: Simony Leite Siqueira

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