Depois das aulas de roteiro, direção e produção, os autores e autoras selecionados pelo Curta Vitória a Minas IV experimentaram como funciona um set de filmagem. Cada um escolheu uma cena do roteiro da sua história para dirigir e envolveu os demais no elenco. O diretor de fotografia Tomás Camargo e o técnico de som Guile Martins assumiram suas funções técnicas e artísticas para executar em conjunto com os participantes os planos e os exercícios de som direto planejados durante as aulas.
O curso sobre noções audiovisuais básicas ministrado por profissionais do cinema e da TV começou no dia 23 de novembro e prossegue até 07 de dezembro na sede do Instituto Marlin Azul, em Jardim da Penha (Vitória – ES). A vivência no set, estruturada de modo colaborativo, à medida em que um participou da gravação do outro, desenhou um pouco algumas situações enfrentadas no decorrer das gravações.
“A experiência foi sensacional. Muito emocionante, na verdade. Poder observar a cena ali, adquirindo nova dimensão, para além do papel, foi muito singular, pois, assim, pude compreender outras nuances e outras abordagens de linguagem da imagem. Ver a ideia tornar-se texto, este texto converter-se em roteiro e este roteiro ganhar múltiplas camadas é algo lindo de se viver. Além da parceria dos professores e profissionais que têm contribuído para a ressignificação dos meus olhares para além das palavras. A multiplicidade poética das infâncias que quero retratar em meu filme, tem reverberado ainda mais em meu interior, conforme vou (re)descobrindo as diversas formas de compartilhar as narrativas afetivas”, relatou o professor dos anos iniciais Helder Guastti, morador de João Neiva (ES), selecionado com a história “Inventário da Infância”.
A turma observou a importância da decupagem dos planos, da organização dos equipamentos, da observação da continuidade da luz, do controle com a captação do som e da direção de elenco. A professora do ensino fundamental Tânia Reis, moradora de Aimorés (MG), transformará em documentário a história “Uma Viagem… minha parte da História” vivida por ela ao lado de sua família durante a enchente de 1979. “Ao dirigir uma cena do meu filme, senti uma mistura de emoções: insegurança, medo e entusiasmo. O que pesa é a responsabilidade em relação as escolhas que deveria tomar. A direção tem que conduzir tudo e nos mínimos detalhes . Com isso, exige de nós muita atenção e confiança no que estamos fazendo. A colaboração de todos resultou em um trabalho incrível. Amei a experiência!”, declara Tânia.
Quem também traduzirá em imagens e sons uma vivência pessoal marcada por uma tragédia é a administradora e jornalista Poliana Guerra, moradora de Nova Era (MG), selecionada com a história “Eu Sou é Eu Mesma”. “Eu gostei muito de experimentar o papel da direção porque me deu um pouco de segurança nisto que eu estava tão insegura. É um grande desafio a transposição da linguagem expressiva da escrita, que é tão minha praia, que mostra a condição, a situação, o sentimento da personagem, para uma linguagem de imagens. Eu nunca me imaginei neste papel. Eu estava com medo deste papel. Eu gostei de ouvir os profissionais envolvidos porque eles estão me dando alternativas tão boas que meu medo agora está sendo saber escolher as possibilidades. Estou vivendo num universo de possibilidades de colagens, de imagens, de trilha sonora, de efeitos, num universo muito rico. Meu medo agora é não saber a colagem correta, mas eu já enxergo por onde caminhar”, conta Poliana.
Texto: Simony Leite Siqueira
Foto: Mariana de Lima

