Autoras e autores avaliam imersão audiovisual

Ao longo de 15 dias, autoras e autores mineiros e capixabas se reuniram numa imersão audiovisual para a construção das novas ficções e documentários do Curta Vitória a Minas. As vivências ao lado de profissionais de cinema e TV envolveram aulas expositivas e práticas, exercícios de sensibilização do olhar e da escuta e experimentações de um set de filmagem.

Com a orientação e o acompanhamento dos professores e por meio de processos compartilhados, cada um acompanhando e participando da construção fílmica do outro, os selecionados descobriam a linguagem e as técnicas audiovisuais ao mesmo tempo em que davam os primeiros passos para a formatação de seus filmes.

De volta às cidades de origem, eles seguirão agora para a próxima etapa, a pré-produção das filmagens, com a mobilização de outros moradores para atividades técnicas e artísticas, a decupagem das cenas, a escolha das locações, a seleção de figurinos e de objetos de cena, a escolha e a preparação do elenco. Acompanhe como foi este retorno pra casa e como cada participante avaliou a etapa de formação do projeto realizada de 23 de novembro a 07 de dezembro, na sede do Instituto Marlin Azul, em Vitória (ES).

Como as autoras e autores avaliaram a experiência audiovisual

Helder Guastti – professor

História: “Inventário da Infância”

João Neiva (ES)

“A experiência do curso foi fantástica! Eu sou apaixonado pelos processos, tanto quanto os produtos finais… acredito que quando compreendemos tudo o que está por trás das ações, das escolhas, das intenções, tudo vai ganhando novos sentidos e muitas camadas. Estou muito ansioso para esta etapa de pré-produção! Planejo realizar uma reunião/encontro inicial com minha comunidade, apresentando a proposta do curta, qual viés seguirei com o roteiro e como a ideia é, realmente, realizar um trabalho baseado na coletividade, onde cada um se sinta pertencente de todos os processos e etapas e que o produto final, o filme, tenha a cara do Bairro de Fátima. Creio, enquanto educador apaixonado pelas infâncias, que é mais que urgente ressignificamos nossos olhares para com as crianças e nossas próprias memórias de infância. O desejo com o “Inventário da infância” é de justamente oportunizar a ressignificação dos olhares, bem como ampliar as reflexões sobre o que entendemos socialmente sobre infância. Infância é este território que pisamos por toda a vida. Quando nos permitimos debulhar os sentidos das coisas, de corpo e alma, nos reencontramos e aumentamos nossos potenciais transformadores”.

Geremias Pignaton – funcionário público federal

História: “Julyta e o Zeppelin”

Ibiraçu (ES)

“Os 15 dias que passamos na oficina para aprendermos um pouco a fazermos nossos futuros filmes de curta-metragem foram muito enriquecedores para a vida de todos. Aprendemos um pouquinho das técnicas e de arte de fazer cinema, trocamos muitas informações entre nós e com os componentes do Instituto Marlin Azul. Tivemos um convívio muito agradável e vamos levar pra toda vida esta experiência e este aprendizado. Agradeço muito a toda equipe do Instituto Marlin por esta oportunidade de participar de uma oficina de 15 dias tão ricos e agradáveis”.

Lucia Elena Belizário – policial militar aposentada

História: “Perdidos no Jardim”

Conselheiro Pena (MG)

“A minha experiência, a minha expectativa para a pré-produção é de que a gente tem que ter muito cuidado, muita atenção, verificar os mínimos detalhes, prestar atenção ao que vai ser feito, repetir, repetir as cenas, pra aproveitar um ângulo melhor, uma imagem melhor, uma luz melhor. E assim a gente vai fazendo etapa por etapa daquilo que a gente pretende. Eu entrei lá sabendo quase nada e saí sentindo muita coisa. Eu tenho que digerir um pouco tudo isso porque eu fiquei muito feliz de estar perto de pessoas que estão há muitos anos no mercado fazendo as coisas acontecerem. Então, a gente bebeu de muita sabedoria de cada uma delas: da Ana, da Lulu, de todo mundo, das meninas das filmagens, do Tomás, do Guilherme, enfim, das meninas aí da casa, porque tudo foi um conjunto pra dar tudo certo. Da Patrícia, da Beatriz, enfim, todo mundo que se dispôs a ficar estes dias aí e nos passar tudo o que era importante pra que tudo acontecesse. Muito obrigado. É uma coisa que vou guardar pra sempre e vou aplicar nas coisas que vou fazer no filme”

Maria da Conceição Costa – auxiliar de limpeza

História: “Aventuras nos campos, matas, ribeiros e lagoas, e o apito do trem”

Belo Oriente (MG)

“Participar desse curso foi abrir a janela da imaginação e tocar um sonho com as mãos, conhecer pessoas tão sábias, competentes e com um grande teor de igualdade foi magnífico, libertador, criei asas. A expectativa para produção é grande, sabendo que tem toda uma dinâmica, muito trabalho, responsabilidade, mas com parceria, apoio de familiares, amigos e o suporte da equipe vencerei todas as barreiras, alcançando meu objetivo e ascendendo a cidade de Belo Oriente”.

Miriam Firmo – produtora cultural

História: “Pedro para Além de Alcântara”

João Monlevade (MG)

“Foi uma experiência incrível! Única! Fez bater o coração mais forte, um misto de emoções. Vou começar a fazer a pré-produção aproveitando o calor das emoções. E fazer até dar certo!”

Poliana Guerra – administradora e jornalista

História: “Eu Sou é Eu Mesma”

Nova Era (MG)

“Sabe quando você integra um algo por acaso, por sugestões alheias, gente muito massa e de perfil muito parecido com o seu, que você vai porque vindo de quem vem, sendo na área que é o CVM, cultura, arte, cinema, literatura, tudo junto misturado, não pode dar errado? Sabe assim? Não sei, só sei que foi assim… Não conhecia muito o projeto até a Sandra Coelho fazer parte, me dar a dica e as conexões para fazer parte, eu assistir o dela, me empolgar, concorrer, ganhar, participar e pirar! Não tenho palavra melhor para descrever tudo isto que está passando por mim como uma avalanche. De conhecimento, aprendizado, conexões, crescimento, cultura… e vontade! Conhecer mais do projeto me fez admirar muito sua essência, de cultura original, de baixo para cima. Cultura popular, dotando-a de asas para alcance! Quinze dias de aulas supra intensas, porque de universos novos para todos nós; de boca aberta de tanta matéria, tanta novidade e tanta gente phoda nos passando um tanto de sua experiência. O maior desafio é, para mim, a linguagem, transpor o universo da escrita, familiar, e alcançar o de imagens e sons, com a mesma expressividade. Conseguir comunicar minha história e causar a emoção que ela carrega. Mas temos dois grandes coringas, a nosso favor, neste campo.  Um deles é a equipe de profissionais nos orientando, que se divide (se une, na verdade) na turma do IMA e nos profissionais do cinema nos orientando e assessorando. Roteiro, som, imagem, direção, direção de arte, edição, toda pauta, todos os dias, até virar ação, nas nossas mãos (sempre apoiados e assessorados). O outro é o aprendizado e compartilhamento de experiências por todos nós, ganhadores das #historiasqueviramfilmes, futuros diretores. Assistir aos primeiros passos uns dos outro tem sido enorme. Somos e temos os olhos do outro, uns para os outros. Avaliando e sendo avaliados todo o tempo, com olhos educados democraticamente na temática do cinema. Aprendemos, praticamos e nos avaliamos, com a supervisão e cumplicidade dos profissionais em nosso entorno. Já somos cúmplices e parceiros extremos, originários de uma convivência incomum e intensa!”

Tânia Reis – professora

História: “Uma Viagem… Minha parte da História”

Aimorés (MG)

“A imersão na oficina de capacitação audiovisual foi um tempo muito especial. Valeram cada minuto! A convivência e o aprendizado com profissionais de alta performance foram bem produtivos. Da escrita do roteiro, a história se transforma e alcança novos desafios. Posso dizer que sou privilegiada, ou melhor, abençoada por fazer parte de tudo isso. Ainda tenho um caminho longo a percorrer, mas chegar até aqui já é uma grande vitória. Sou muito grata por esta conquista! Que venham as filmagens!”

Texto: Simony Leite Siqueira

Foto: Mariana de Lima