As dez histórias selecionadas pelo Curta Vitória a Minas III para serem transformadas em filme entraram na etapa de montagem e finalização. Uma delas é a ficção “As Cercas”, baseada em fragmentos de fatos reais, contada pelo professor e policial federal Otávio Maioli, morador de Ibiraçu. Inspirado pelas histórias ouvidas do avô Wilson Maioli, o autor resgatou memórias das famílias de imigrantes que fundaram os primeiros núcleos de colonos italianos na cidade de Ibiraçu.
O Curta Vitória a Minas é patrocinado pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com a realização do Instituto Marlin Azul, Ministério da Cultura/Governo Federal. O objetivo é possibilitar aos moradores das cidades que se desenvolveram ao longo da Estrada de Ferro Vitória a Minas a oportunidade de contar histórias e transformar em filme, registrando as memórias, os costumes, os hábitos, as lendas e as peculiaridades destas localidades, contribuindo para o fortalecimento territorial e comunitário.
Que história é essa?
A ficção “As Cercas” relata um conflito de fronteiras ocorrido no início do século XX envolvendo duas famílias italianas vizinhas. Como não concordavam com os limites entre as propriedades, os patriarcas de um lado e de outro criaram uma rivalidade marcada por discussões sem solução. Hoje não é possível identificar quais foram as duas famílias envolvidas no impasse, no entanto, de acordo com pesquisas de documentos e conforme relatos dos mais antigos, como o do historiador da região Geremias Pignaton, estes tipos de conflitos de terras se tornaram muito comuns nesta época.
A ideia do autor não é resgatar os acontecimentos, porém, ficcionar uma história com elementos inspirados nas relações familiares e comunitárias, no jeito de ser e de viver das antigas comunidades que ajudaram a fundar a cidade. “Estamos contando a história de uma forma cômica, como o meu avô me contou, pois eles achavam isso mais engraçado do que trágico. Queremos contar como as situações aconteciam antigamente, como fluíam e se emaranhavam na base da conversa”, destaca Otávio.
As gravações do filme foram feitas em junho deste ano. O diretor iniciou nesta semana a etapa de edição do filme com a orientação da cineasta e montadora Luelane Corrêa. O cronograma de montagem das dez obras continuará até final de outubro. A terceira edição do Curta Vitória a Minas reúne histórias vindas de Ibiraçu e Colatina, no Espírito Santo, e de Conselheiro Pena, Governador Valadares, Belo Oriente, Ipatinga, Coronel Fabriciano, Nova Era e João Monlevade, em Minas Gerais.
Conheça as etapas do Curta Vitória a Minas III
Após terem histórias selecionadas através de um concurso, as autoras e autores se reuniram de 13 a 28 de abril, em Guarapari (ES), para uma imersão audiovisual com aulas expositivas e práticas, exercícios de sensibilização do olhar e da escuta, experimentações de um set de filmagem e trocas de vivências. Os participantes estudaram com profissionais do cinema e da TV noções básicas sobre roteiro, direção, produção, direção de fotografia, som, direção de arte, montagem, finalização, cinema de grupo, mobilização comunitária e direitos autorais.
Ao final do curso, eles retornaram para suas cidades de origem com o roteiro, o plano de produção e o plano de filmagem em mãos para organizar a pré-produção das filmagens, mobilizar outros moradores para atividades técnicas e artísticas, escolher locações, preparar figurinos, buscar objetos de cena, organizar os personagens. Na etapa seguinte, profissionais da fotografia, de som e produção se juntaram aos autores (as) e às equipes locais para gravação das histórias nas cidades. O cronograma de filmagens foi realizado no período de junho a agosto.
Depois da edição e finalização, os filmes serão lançados em telonas de cinema montadas em ruas e praças durante sessões gratuitas nas cidades envolvidas. Esta é a terceira edição do projeto que produziu 15 filmes na primeira edição, lançada em 2014, e 10 obras, na segunda edição, lançada em 2022.