O Circuito de Exibição do Curta Vitória a Minas III percorre cidades capixabas e mineiras para exibir em sessões gratuitas ao ar livre histórias transformadas em filmes
O objetivo é possibilitar aos moradores das cidades ao longo da Estrada de Ferro Vitória a Minas a oportunidade de contar histórias e transformar em filme. Foto: Divulgação
terça-feira, 19 novembro, 2024
Um caminhão-cinema equipado com uma estrutura com telona de 8×6 metros, projetores, sistema de sonorização e cadeiras para acomodar os espectadores chegará na segunda-feira (25/11) a Governador Valadares, em Minas Gerais.
Desde 21 de novembro, a caravana está percorrendo cidades capixabas e mineiras para exibir em sessões gratuitas ao ar livre as histórias transformadas em filmes pelo Curta Vitória a Minas III.
O Curta Vitória a Minas III tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, apoio local da Prefeitura Municipal de Governador Valadares e realização do Instituto Marlin Azul, Ministério da Cultura/Governo Federal.
A mostra é composta por filmes com roteiro, direção e produção de moradores de cidades do entorno da Estrada de Ferro selecionados em um concurso de histórias.
A comunidade valadarense terá oportunidade de acompanhar o lançamento de duas obras feitas em Governador Valadares: “A Velha do Rio”, do mestre de obras Levi Braga de Souza, e “Escasso”, do estudante de Fisioterapia Pedro Vinícius Siqueira Batista. A sessão será realizada às 19h30, na Praça de Esportes, no centro.
O objetivo é possibilitar aos moradores das cidades ao longo da Estrada de Ferro Vitória a Minas a oportunidade de contar histórias e transformar em filme, registrando as memórias, os costumes, os hábitos, as lendas e as peculiaridades destas localidades, contribuindo para o fortalecimento territorial e comunitário.
“Escasso” e “A Velha do Rio”
O curta-metragem “Escasso”, de Pedro Vinícius Siqueira Batista, quer mostrar como a solidão, o distanciamento e a indiferença marcam as relações humanas na contemporaneidade. Ao mesmo tempo, como a compaixão e a solidariedade podem ser um caminho de reconexão e transformação pessoal e social.
A ficção aborda os conflitos entre dois vizinhos. Morando um ao lado do outro, cada um vive o isolamento da própria rotina simples preenchida por pequenas tarefas. De um lado, uma idosa, viúva, religiosa e dedicada ao bordado. Do outro lado, um idoso doente e apaixonado por sambas antigos. Quando a vida de um começa a invadir o espaço do outro, a divergência se aprofunda e pode se agravar depois que começa a faltar água. Esta história virou filme porque o tema chama a atenção do roteirista, produtor e diretor de 22 anos de idade.
Foi durante o aprendizado na área das ciências da saúde que o estudante observou como a segregação nas relações afeta ainda mais os idosos que, além dos problemas físicos, enfrentam o abandono e o preconceito.
“A experiência de transformar esta história em filme foi incrível do início ao fim desde a viagem para fazer o curso, passando pela gravação, até a pós-produção. Foi uma experiência bem intensa e muito gratificante, principalmente, depois de ver o filme pronto. E, agora, é uma ansiedade para chegar a hora de exibir. E, sem dúvida, vai ser muito gratificante ver o meu filme passar numa tela grande de cinema”, conta Pedro Siqueira.
Violeiro e cantor, décimo quarto dos 15 filhos de Inês Ramos Braga, o mestre de obras Levi Braga de Souza herdou da mãe o jeito alegre e o gosto por cantar e contar histórias. Desta vez, inspirado pela imaginação, ele criou o conto “A Velha do Rio”, uma aventura vivida por uma menina nas correntezas do Rio Doce.
Foi depois de participar das aulas do curso audiovisual básico e, mais tarde, com a experiência da pré-produção e do set de filmagem, que o mestre de obras conheceu os detalhes de uma produção cinematográfica. Foram quatro dias de gravação em regiões ribeirinhas onde fosse possível navegar no rio e avistar os trilhos do trem. A turma enfrentou dificuldades como deslocar para lá e para cá equipamentos, profissionais e elenco dentro do rio, lidar com a instabilidade do tempo, monitorar os ruídos ao redor e encarar o cansaço acumulado ao longo dos dias de filmagem, porém, valeu o esforço. Agora chegou a hora de ver o filme na tela de cinema junto com toda a comunidade. “A experiência foi muito gratificante e aprendi muito. Estou ansioso pra estreia”, revela Levi Braga.
Acompanhe a caravana de cinema
Depois de Colatina (21/11), Ibiraçu (22/11), no Espírito Santo, e Conselheiro Pena (23/11), Periquito (24/11) e Governador Valadares (25/11), em Minas Gerais, a caravana continuará na estrada mineira em direção a Belo Oriente (26/11), Ipatinga (27/11), Coronel Fabriciano (28/11), Nova Era (29/11) e João Monlevade (03/12). Em cada sessão, a comunidade assiste ao filme do lugar e a obras feitas por outros autores e autoras selecionados pelo projeto.
O Circuito de Exibição do Curta Vitória a Minas III reúne os curtas-metragens “As Cercas”, de Otávio Luiz Gusso Maioli, de Ibiraçu (ES); “A Casa Sinistra”, de Marisa de Almeida Silva, de Colatina (ES); “Um Rio de Histórias”, de Márcia Cristina Cândido Cruz, de Conselheiro Pena (MG); “Escasso”, de Pedro Vinícius Siqueira Batista, e “A Velha do Rio”, de Levi Braga de Souza, ambos de Governador Valadares (MG); “Boi Balaio”, de Mauro dos Santos Junior, de Belo Oriente (MG); “O Pássaro”, de Luzia Di Resende, de Ipatinga (MG); “Mundaréu”, de Ana Paula Gonçalves Pires, de Coronel Fabriciano (MG); “Revelações de Carnaval”, de Sandra Maura Coelho, de Nova Era (MG); e “Me Disseram que Sou Negra”, de Alexsandra Mara Felipe Fernandes, de João Monlevade (MG).
Conheça as etapas do Curta Vitória a Minas III
As autoras e autores das histórias se juntaram em Guarapari (ES) durante imersão audiovisual de 15 dias para estudar, com a orientação de profissionais do cinema e da TV, noções básicas sobre roteiro, direção, produção, direção de fotografia, som, direção de arte, montagem, finalização, cinema de grupo, mobilização comunitária e direitos autorais.
Ao final do curso, eles retornaram para suas cidades de origem para organizar a pré-produção das filmagens e, na etapa seguinte, profissionais da fotografia, de som e produção se juntaram aos autores (as) para gravação das histórias nas cidades com o envolvimento de outros moradores em funções artísticas e técnicas.
O cronograma de filmagens das dez obras foi realizado no período de junho a agosto de 2024. Depois da montagem e finalização, os curtas-metragens chegaram à etapa do circuito de difusão que, além da exibição nas cidades, incluirá a inscrição dos filmes em mostras e festivais de cinema.
SERVIÇO
MOSTRA DE CINEMA
CIRCUITO DE EXIBIÇÃO DO CURTA VITÓRIA A MINAS III
Classificação Livre
Entrada Gratuita
Data: 25 de novembro de 2024 (segunda-feira)
Horário: 19h30
Local: Praça de Esportes – Rua Afonso Pena, 2.550 – Centro de Governador Valadares, em Minas Gerais.
LANÇAMENTO
A Velha do Rio
Roteiro, direção e produção – Levi Braga de Souza
Ficção: Uma menina aprende a navegar o rio para uma disputa inusitada.
Escasso
Roteiro, direção e produção – Pedro Vinícius Siqueira Batista
Ficção: Dois vizinhos que vivem em conflito sofrem com a falta d’água na região. Q