O Circuito de Exibição do Curta Vitória a Minas III vai percorrer cidades capixabas e mineiras para exibir em sessões gratuitas ao ar livre histórias transformadas em filmes
por Colatina em Ação
Em Cultura
Colatina (ES) abre circuito de cinema na rua com história de casa mal-assombrada – Foto: Divulgação
Uma história guardada por 38 anos ganhará a telona de cinema durante sessão gratuita ao ar livre. “A Casa Sinistra“, da agente de saúde Marisa de Almeida Silva, moradora de Colatina, abrirá o Circuito de Exibição do Curta Vitória a Minas III, projeto que transforma em filmes histórias reais ou inventadas contadas por moradores do entorno da Estrada de Ferro. A sessão será nesta quinta-feira (21/11), às 19h30, na Área Verde de Eventos da Avenida Beira Rio, em Colatina (ES).
De 21 de novembro a 03 de dezembro, o caminhão-cinema equipado com uma estrutura com telona de 8×6 metros, projetores, sistema de sonorização e cadeiras para acomodar os espectadores percorrerá cidades capixabas e mineiras para exibir as obras de curta-metragem com roteiro, direção e produção das autoras e autores das histórias selecionadas. O Curta Vitória a Minas III tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, apoio local da Prefeitura Municipal de Colatina e realização do Instituto Marlin Azul, Ministério da Cultura/Governo Federal.
O objetivo é possibilitar aos moradores das cidades ao longo da Estrada de Ferro Vitória a Minas a oportunidade de contar histórias e transformar em filme, registrando as memórias, os costumes, os hábitos, as lendas e as peculiaridades destas localidades, contribuindo para o fortalecimento territorial e comunitário.
Lançamento – A Casa Sinistra
Quando a mineira Marisa de Almeida Silva chegou ao Espírito Santo, em 1986, em busca de emprego e um novo lugar para construir sua vida ao lado da mãe e dos irmãos, não imaginava encontrar desafios para além da realidade. Como não conseguia uma ocupação na região metropolitana de Vitória, ela aceitou a orientação de uma tia para recomeçar a vida em Colatina onde havia oportunidade de trabalho no ramo de confecção. Mesmo não sabendo costurar em máquina industrial, apenas em máquina de pedal, a garota de 22 anos aceitou o emprego. Agora, o desafio era conseguir uma moradia para abrigar a família. A casa localizada na direção da Estação Ferroviária parecia perfeita para um recomeço, mas, novos desafios surgiriam na vida dos novos moradores.
Para transformar sua história em filme, além da orientação e do acompanhamento da equipe do Instituto Marlin Azul, a agente de saúde contou com o apoio da irmã Cláudia de Almeida, atriz de teatro e professora de Artes Cênicas aposentada, que a incentivou a enviar a história, auxiliou na organização dos figurinos e na seleção dos objetos de cena, preparou o elenco e desempenhou a função de assistente de direção. O elenco envolveu outros membros da família como a sobrinha Rebeca Almeida, o sobrinho Lorenzo Almeida, a cunhada Sebastiana Nascimento dos Santos e as primas Valentina dos Santos e Rittiele Vitória dos Santos, o amigo Osvaldino Roque Medeiros, além do ator e coordenador da Cia. Teatral Art’Manha, Kaio Henrique.
“Foi uma experiência inusitada e muito boa. Eu gostei muito de contar esta história e de viver esta experiência de fazer um filme. Foi uma descoberta porque contar uma história para alguém ouvir é uma coisa. Agora, transformá-la em filme nos possibilita um aprendizado muito bacana. É diferente de tudo aquilo que a gente já fez na vida. Foi uma experiência única. A expectativa para a exibição na cidade é grande. Estou ansiosa para ver na tela o resultado de todo este aprendizado“, destaca Marisa.
Acompanhe a caravana de cinema
Depois de Colatina (21/11), a caravana desembarcará em Ibiraçu (22/11), também no Espírito Santo e, depois, seguirá para Conselheiro Pena (23/11), Periquito (24/11), Governador Valadares (25/11), Belo Oriente (26/11), Ipatinga (27/11), Coronel Fabriciano (28/11), Nova Era (29/11) e João Monlevade (03/12), em Minas Gerais. Em cada sessão, a comunidade assiste ao filme do lugar e a obras feitas por outros autores e autoras selecionados pelo projeto.
O Circuito de Exibição do Curta Vitória a Minas III reúne os curtas-metragens “As Cercas“, de Otávio Luiz Gusso Maioli, de Ibiraçu (ES); “A Casa Sinistra“, de Marisa de Almeida Silva, de Colatina (ES); “Um Rio de Histórias“, de Márcia Cristina Cândido Cruz, de Conselheiro Pena (MG); “Escasso“, de Pedro Vinícius Siqueira Batista, e “A Velha do Rio“, de Levi Braga de Souza, ambos de Governador Valadares (MG); “Boi Balaio”, de Mauro dos Santos Junior, de Belo Oriente (MG); “O Pássaro”, de Luzia Di Resende, de Ipatinga (MG); “Mundaréu“, de Ana Paula Gonçalves Pires, de Coronel Fabriciano (MG); “Revelações de Carnaval“, de Sandra Maura Coelho, de Nova Era (MG); e “Me Disseram que Sou Negra“, de Alexsandra Mara Felipe Fernandes, de João Monlevade (MG).
Conheça as etapas do Curta Vitória a Minas III
As autoras e autores das histórias se juntaram em Guarapari (ES) durante imersão audiovisual de 15 dias para estudar, com a orientação de profissionais do cinema e da TV, noções básicas sobre roteiro, direção, produção, direção de fotografia, som, direção de arte, montagem, finalização, cinema de grupo, mobilização comunitária e direitos autorais.
Ao final do curso, eles retornaram para suas cidades de origem para organizar a pré-produção das filmagens e, na etapa seguinte, profissionais da fotografia, de som e produção se juntaram aos autores (as) para gravação das histórias nas cidades com o envolvimento de outros moradores em funções artísticas e técnicas. O cronograma de filmagens das dez obras foi realizado no período de junho a agosto de 2024. Depois da montagem e finalização, os curtas-metragens chegaram à etapa do circuito de difusão que, além da exibição nas cidades, incluirá a inscrição dos filmes em mostras e festivais de cinema.